Quando alguém é referido como sendo “empresário”, pensamos no gestor do negócio, da empresa. No entanto, o verdadeiro Empresário é aquele que desenvolveu uma forma especial de pensar e de agir relativamente ao seu negócio, uma atitude de Empresário.
O empresário-gestor do negócio chegou a essa posição porque teve a oportunidade, porque era a progressão natural ou era a única coisa de que gostava ou sabia fazer. Muitas vezes, ouvimos explicações como “não queria trabalhar para os outros” ou “não podia deixar morrer o negócio da minha família”.
Um verdadeiro Empresário refere aspectos como “tinha uma ideia diferente” ou “vi que havia espaço no mercado para criar algo com impacto”.
Os gestores concentram-se em resolver assuntos do dia-a-dia e, nesse sentido, tendem a ser reactivos. Gostariam de viver num mundo em que os colaboradores executassem as suas tarefas, em que os clientes pagassem no prazo e em que os equipamentos funcionassem sempre de acordo com o esperado, o que pode ser uma utopia.
O verdadeiro empresário põe em causa a forma como as coisas são feitas habitualmente, procurando sempre pontos de melhoria, nos processos produtivos e nas relações com colaboradores, clientes e fornecedores. Procura relações “win-win”, em que os participantes sentem o valor da parceria.
É frequente ver empresários-gestores a tomar decisões que os leva a assumir o seu posto como um emprego a tempo inteiro e até alargado, penetrando no seu tempo de lazer e familiar. Quando, muitas vezes, se assumem como a essência do negócio, na relação directa com o cliente estão a pôr em perigo a alavancagem através da contratação de colaboradores para assumir essa relação directa.
O verdadeiro Empresário cria uma estratégia de saída do negócio. A execução tende a ser entregue o mais cedo possível a uma equipa de colaboradores, de modo a poder libertar-se das operações do dia-a-dia e concentrar-se em fazer crescer o negócio, o valor do negócio. De modo a poder até vendê-lo… Estas decisões decorrem da visão de longo prazo do negócio.
O empresário-gestor assume uma situação de “rendimento operacional”, ao assumir que a existência do negócio depende da sua acção e do seu tempo.
O verdadeiro Empresário, pelo seu foco na resolução de problemas e busca de melhorias, constrói negócios que, um dia, não vão precisar da sua presença constante para funcionarem. O negócio pode ser gerido por um gestor profissional e pela equipa com base em sistemas eficientes. O Empresário contorna a armadilha de “vender tempo por dinheiro”, criando verdadeiros fluxos de rendimento do negócio.
Não há nada de mal nos empresários-gestores que criaram o seu auto-emprego. Simplesmente, vão trabalhar no negócio até à idade da reforma, fechando-o se não tiverem sucessores. Estes empresários-gestores criam o seu emprego, enquanto os verdadeiros Empresários criam soluções ou até movimentos sociais.
Então, como se vê? Um verdadeiro Empresário ou um gestor em auto-emprego?
Como quer que o seu negócio evolua? Para que o seu alinhamento com o seu negócio lhe permita retirar os resultados que justifiquem comemorar!
Pedro Carrancho – Business Focus